A inteligência artificial tem aparecido em todos os cantos da indústria musical (e além dela). Mas nem toda ferramenta nova realmente facilita a vida de artistas, selos ou equipes. Então, como separar o hype do que de fato importa?
Esse artigo vem da mente de Ali Lieberman, VP de Produto da Symphonic, que já passou mais de uma década desenvolvendo ferramentas e sistemas para apoiar criadores, selos e editoras. Com experiência na SoundExchange, na RIAA e agora na Symphonic, Ali entende exatamente onde a IA pode causar impacto real — e onde ainda fica aquém.
Conversando sobre o futuro da música e a IA
Imagine esse cenário: você é um dos maiores compositores de todos os tempos. Sua parceira de longa data e colega de banda lança uma música etérea e poderosa sobre terminar com você. Como resposta, você cria uma faixa afiada, carregada de ironia e emoção. Um clássico instantâneo. 🎶
A verdade é: nenhuma IA vai entregar um Fleetwood Mac (bom… talvez o GPT-5, quem sabe 😅). Mas o ponto é que há um potencial real para que a IA revolucione a forma como a indústria funciona, quebrando barreiras e ajudando a impulsionar o setor.
A cada semana surge um anúncio novo: “Masterização com IA indetectável!”, “Campanhas de marketing automatizadas!”, “Agora conseguimos detectar toda música gerada por IA!”. Como em uma boa música de separação, as promessas são grandes. Algumas soluções são de fato transformadoras, mas muitas existem apenas para resolver problemas que talvez nem sejam reais.
Fazendo a IA trabalhar a seu favor
Para ser útil de verdade, a IA precisa funcionar como uma espécie de superassistente — alguém no time que tira da frente as tarefas repetitivas, para que artistas e equipes foquem no essencial: criar, se conectar e crescer.
As melhores ferramentas de música com IA tornam o processo invisível: upload de lançamentos sem dor de cabeça, preenchimento automático de metadados, estratégias de marketing personalizadas, análise de tendências nas redes sociais… tudo isso pode acelerar o caminho de artistas independentes e também simplificar a rotina de selos.
Pense em quem está lançando o primeiro EP. Ninguém quer lidar com formulários complexos ou guias intermináveis. A ideia é poder confiar no sistema, sem que ele atrapalhe o processo criativo. É aqui que a IA pode fazer diferença: reduzindo barreiras e deixando o artista livre para criar.
Olhando além do artista
Para selos e grandes organizações, a IA também pode mudar o jogo. Automatizar reconciliação de dados, detectar erros, reduzir o trabalho manual e liberar tempo da equipe para estratégia e desenvolvimento artístico. Além disso, análises preditivas podem apoiar decisões de investimento, adiantamentos e gestão de direitos autorais, que só ficam mais complexos a cada dia.
Mas nada disso vale se as ferramentas forem confusas ou distantes de quem realmente usa. As grandes viradas não virão do próximo recurso “brilhante”, mas de empresas que fazem as perguntas certas:
- Qual vantagem única temos e como a IA pode ampliá-la?
- Esse recurso nos ajuda a atingir qual meta concreta (aumentar receita, reduzir cancelamentos, expandir mercado)?
- Como a adoção de IA muda nosso time? Quais novas habilidades vamos precisar?
- O que acontece em escala? Como seria fazer essa mesma tarefa 100x mais rápido?
A partir dessas perguntas, é possível criar soluções que resolvem problemas reais em vez de apenas seguir buzzwords.
Olhando para frente…
A música continua sendo uma indústria profundamente humana. São histórias, relações, colaborações, tensões criativas e sistemas que conectam tudo isso. E por mais inteligente que a IA se torne, ela nunca vai substituir a emoção, o detalhe ou a criatividade que movem esse mercado.
Mas pode, sim, ajudar muito.
🖊️ Texto originalmente escrito por Ali Lieberman (VP de Produto da Symphonic).