A forma como falamos sobre saúde mental tá mudando (ainda bem!), e cada vez mais artistas têm aberto o jogo sobre fazer terapia. Não só depois de um colapso, mas como parte de se manter com os pés no chão, proteger a criatividade e, principalmente, curtir de verdade a carreira que ralaram tanto pra conquistar.
Essa mudança tá fazendo barulho na indústria, substituindo aos poucos aquela mentalidade do “só empurra que vai” por uma que valoriza descanso, autoconsciência e sustentabilidade.
Mesmo assim, pra muitos artistas — especialmente homens, criativos pretos, indígenas ou de outras etnias, ou quem tá preso demais na cultura do hustle — falar sobre terapia ainda pode parecer desconfortável ou até intimidante. E esse silêncio só piora as coisas. Esse texto é pra quebrar esse silêncio. Seja pra matar a curiosidade, encontrar um terapeuta que entenda a correria da música ou descobrir como falar sobre o assunto sem se expor demais, aqui vai o que você precisa saber.
Encarando o estigma
Mesmo com o avanço na conversa sobre saúde mental, o estigma ainda existe. É como se houvesse uma regra não escrita de que artista tem que aguentar tudo calado. É estar “ligado” 24 horas por dia, colocar a alma na arte e fingir que nada te abala.
A ideia de que terapia é só quando tudo tá desmoronando também não ajuda. Isso mantém muita gente calada, mesmo quando tá no limite. E quando ninguém fala, parece que tá todo mundo bem — o que torna ainda mais difícil pedir ajuda.
Mas terapia não é só pra quando dá ruim. É sobre encontrar ferramentas pra lidar com os altos e baixos, processar o que você tá vivendo e estar inteiro pra você mesmo e pra sua arte.
Pense na terapia como ✨manutenção criativa✨
Terapia não é consertar algo “quebrado” em você. É cuidar da mente pra continuar criando de um lugar saudável. Pra artista, a mente é o instrumento mais valioso que existe. E assim como você afina o violão ou descansa a voz, cuidar da saúde mental também é parte do trampo.
Bloqueio criativo, síndrome do impostor, burnout, ansiedade pré-show ou lançamento… nada disso é raro na música. Mas também não precisa ser enfrentado sozinho.
Na terapia, você encontra espaço pra lidar com tudo isso — da pressão por produzir o tempo todo à montanha-russa emocional de métricas, conflitos de equipe ou até a relação com as redes sociais.
Além disso, aprende técnicas práticas pra aplicar no dia a dia:
- exercícios de grounding antes de um show
- estratégias pra lidar com rejeição ou autocrítica
- maneiras de estabelecer limites com a equipe
E, claro, clareza quando você se sente perdido ou travado. Pense menos como “último recurso” e mais como um “pit stop” que te mantém em sintonia consigo mesmo.
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Exemplos reais: artistas que abriram o jogo
Um dos fatores que mais ajuda a quebrar o estigma é ver outros artistas falando sobre isso de forma aberta — seja em entrevistas, nos palcos ou até nas letras.
- Kendrick Lamar construiu um álbum inteiro (Mr. Morale & the Big Steppers) em cima do trabalho interno que fez na terapia, abordando traumas, vergonha e cura.
- J Balvin, gigante da música latina, já falou muito sobre sua luta contra ansiedade e depressão, e como a terapia e a medicação o ajudaram a se manter firme.
- Hayley Williams (Paramore) contou como a terapia foi essencial pra lidar com burnout e traumas pessoais que influenciaram até seus trabalhos solo.
- YUNGBLUD, Kehlani, Porter Robinson e muitos outros também usam suas plataformas pra normalizar o ato de buscar ajuda.
Quando artistas compartilham suas histórias, não inspiram só os fãs — eles encorajam outros criativos a falar, buscar apoio e mudar a forma como a indústria vê a saúde mental.
Como encontrar um terapeuta que entenda a vida de artista
Achar um bom terapeuta já pode ser difícil, e encontrar um que entenda a correria da música é outro nível. Madrugadas, renda instável, rotina de turnê, bloqueios criativos… é muito específico, e nem todo profissional tá preparado pra lidar com isso.
Busque terapeutas que trabalhem com criativos, performers ou profissionais de áreas de alta pressão. Pergunte se já atenderam músicos ou se conhecem os desafios do meio. Isso pode poupar tempo e garantir um match melhor.
Se o orçamento for apertado, vale procurar atendimentos sociais ou com valor reduzido oferecidos por universidades de psicologia (como USP, PUC ou UFRJ), clínicas-escola ou projetos comunitários. Outra opção é buscar terapia online, que costuma ser mais barata e flexível. Plataformas como Zenklub, Vittude, Psicologia Viva e o CVV (Centro de Valorização da Vida) — este último com atendimento voluntário gratuito — podem ser bons caminhos. Além disso, iniciativas como o Mapa da Saúde Mental na Música e grupos de apoio como o Saúde Mental na Música Brasilreúnem profissionais e espaços pensados para quem vive da arte.
Pra fechar…
Pesquisas mostram que quase 1 em cada 5 adultos nos EUA enfrenta algum tipo de problema de saúde mental por ano — e no mundo da música, a pressão pode ser ainda maior.
Casos como Avicii e Mac Miller lembram que ninguém é imune. Mas a boa notícia é que cada vez mais a terapia tá sendo vista como algo essencial, acessível e parte fundamental do cuidado criativo.
No fim das contas, cuidar da mente é um dos melhores investimentos que você pode fazer — não só pela sua música, mas por você. E se precisar de ajuda, não tenha medo de pedir. Estamos aqui pra lembrar: você não tá sozinho nessa. ❤️🩹